Martinho Lutero, aos 46 anos de idade. Essas teses
condenavam a "avareza e o paganismo" na Igreja, e pediam um debate
teológico sobre o que as indulgências significavam. As 95 Teses foram logo traduzidas
para o alemão e amplamente copiadas e impressas. Após um mês se haviam
espalhado por toda a Europa.
Após diversos acontecimentos, em junho de 1518 foi aberto um
processo por parte da Igreja Romana contra Lutero, a partir da publicação das
suas 95 Teses. Alegava-se, com o exame do processo, que ele incorria
em heresia. Depois disso, em agosto de 1518, o processo foi alterado
para heresia notória.
Finalmente, em junho de 1520 reapareceu a ameaça no escrito
"Exsurge Domini" e, em janeiro de 1521, a bula "Decet
Romanum Pontificem" excomungou Lutero. Devido a esses
acontecimentos, Lutero foi exilado no Castelo de Wartburg,
em Eisenach, onde permaneceu por cerca de um ano. Durante esse período
de retiro forçado, Lutero trabalhou na sua tradução da Bíblia para
o alemão, da qual foi impresso o Novo
Testamento, em setembro de 1522.
Enquanto isso, em meio ao clero saxônio, aconteceram renúncias ao voto de
castidade, ao mesmo tempo em que outros tantos atacavam os votos monásticos.
Entre outras coisas, muitos realizaram a troca das formas de adoração e
terminaram com as missas, assim como a eliminação das imagens nas igrejas e a
ab-rogação do celibato. Ao mesmo tempo em que Lutero escrevia "a todos os cristãos para que se
resguardem da insurreição e rebelião". Seu casamento com a
ex-freira cisterciense Catarina von Bora incentivou o
casamento de outros padres e freiras que haviam adotado a Reforma. Com estes
e outros atos consumou-se o rompimento definitivo com a Igreja Romana.
Em janeiro de 1521 foi realizada a Dieta de Worms, que teve um
papel importante na Reforma, pois nela Lutero foi convocado para desmentir as
suas teses, no entanto ele defendeu-as e pediu a reforma. Autoridades de
várias regiões do Sacro Império Romano-Germânico pressionadas pela
população e pelos luteranos expulsavam e mesmo assassinavam sacerdotes
católicos das igrejas, substituindo-os por religiosos com formação
luterana. Toda essa rebelião ideológica resultou também em rebeliões armadas,
com destaque para a Guerra dos camponeses (1524-1525). Esta guerra
foi de muitas maneiras, uma resposta aos discursos de Lutero e de outros
reformadores. Revoltas de camponeses já tinham existido em pequena escala
em Flandres (1321-1323), na França (1358), na Inglaterra (1381-1388),
durante as guerras hussitas do século XV, e muitas outras até
o século XVIII. A revolta foi incitada principalmente pelo seguidor de
Lutero, Thomas Münzer, que comandou massas camponesas contra a
nobreza imperial, pois propunha uma sociedade sem diferenças entre ricos e
pobres e sem propriedade privada, Lutero por sua vez defendia que a
existência de "senhores e
servos" era vontade divina, motivo pelo qual eles romperam,
sendo que Lutero condenou Münzer e essa revolta.
Em 1530 foi apresentada na Dieta Imperial convocada pelo
Imperador Carlos V, realizada em abril desse ano, a Confissão de
Augsburgo, escrita por Felipe Melanchton com o apoio da Liga
de Esmalcalda. Os representantes católicos na Dieta resolveram preparar uma
refutação ao documento luterano em agosto, a Confutatio Pontificia (Confutação), que foi lida na
Dieta. O Imperador exigiu que os luteranos admitissem que sua Confissão havia
sido refutada. A reação luterana surgiu na forma da Apologia da Confissão de Augsburgo,
que estava pronta para ser apresentada em setembro do mesmo ano, mas foi
rejeitada pelo Imperador. A Apologia foi
publicada por Felipe Melanchton no fim de maio de1531, tornando-se confissão
de fé oficial quando foi assinada, juntamente com a Confissão de
Augsburgo, em Esmalcalda, em 1537. Ao mesmo tempo em que ocorria uma reforma
em um sentido determinado, alguns grupos protestantes realizaram a
chamada Reforma Radical.
Queriam uma reforma mais profunda. Foram parte importante dessa reforma
radical os Anabatistas, cujas principais características eram a defesa
da total separação entre igreja e estado e o "novo
batismo" (que em grego é anabaptizo).
Enquanto na Alemanha a reforma era liderada por Lutero, Na França e na Suíça
a Reforma teve como líderes João Calvino e Ulrico Zuínglio. João
Calvino foi inicialmente um humanista. Foi integrante do clero,
todavia não chegou a ser ordenado sacerdote romano. Depois do seu afastamento
da Igreja romana, este intelectual começou a ser visto como um representante
importante do movimento protestante.
Vítima das perseguições aos huguenotes na França, fugiu
para Genebra em 1533 onde faleceu
em 1564. Genebra tornou-se um centro do protestantismo europeu
e João Calvino permanece desde então como uma figura central da história da
cidade e da Suíça. Calvino publicou as Institutas da Religião
Cristã, que são uma importante referência para o sistema de doutrinas
adotado pelas Igrejas Reformadas.
Os problemas com os huguenotes somente concluíram quando o Rei Henry IV,
um ex-huguenote, emitiu o Édito de Nantes, declarando tolerância
religiosa e prometendo um reconhecimento oficial da minoria protestante, mas
sob condições muito restritas. O catolicismo romano se manteve como religião
oficial estatal e as fortunas dos protestantes franceses diminuíram gradualmente
ao longo do próximo século, culminando na Louis XIV do Édito de
Fontainebleau, que revogou o Édito de Nantes e fez de Roma a única Igreja
legal na França. Em resposta ao Édito de Fontainebleau, Frederick William
de Brandemburgo declarou o Édito de Potsdam, dando passagem livre
para franceses huguenotes refugiados e status de isenção de impostos a eles
durante 10 anos.
Ulrico Zuínglio foi o líder da reforma suíça e fundador das igrejas
reformadas suíças. Zuínglio não deixou igrejas organizadas, mas as suas
doutrinas influenciaram as confissões calvinistas. A reforma de Zuínglio foi
apoiada pelo magistrado e pela população de Zurique, levando a mudanças
significativas na vida civil e em assuntos de estado em Zurique.
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